A vida de 15 mulheres artesãs integrantes do Clube de Mães de
Tangará está mudando. O que era apenas um sonho passou a ficar mais perto de se
tornar realidade desde que foram classificadas para o edital de Inclusão
Produtiva do Governo do Estado, por meio do programa Governo Cidadão com
recursos do acordo de empréstimo com o Banco Mundial. O projeto das artesãs é
construir uma unidade de confecção de roupas que irá não só fortalecer o
artesanato da região, como possibilitar renda extra para todas.
O primeiro passo foi elaborar o plano de negócios. Agora elas
estão ainda mais perto de concretizar a minifábrica de confecções: estão
prestes a assinar o convênio com a assistência técnica que irá acompanhar todo
o processo de licitação da obra.
A agricultora Maria Helena Silva, 54, artesã há 16 anos, é
uma das beneficiadas pelo projeto do Governo do Estado por meio da Sethas e
Governo Cidadão. Com o repasse do convênio já na conta, Maria Helena e as
demais vivem um sonho.
“Hoje o artesanato de Tangará é esquecido. É uma grande
oportunidade para a gente e para a nossa cidade de conhecer nosso trabalho e
também aumentar nossa renda”, diz Maria Helena. Segundo a artesã, a renda do
trabalho manual oriundo da venda dos conjuntos de cozinha, de banheiro, panos
de prato e doces de leite soma quase R$ 700 por mês e poderá crescer ainda mais
com a fábrica de confecções.
O trabalho que hoje está restrito ao solo tangaraense, poderá
ganhar novos públicos até fora do Rio Grande do Norte se depender de Maria Helena.
“Temos que mostrar o que temos de melhor e expandir nosso trabalho. O povo do
RN e de fora do estado precisa conhecer o artesanato de Tangará. Juntas somos
muito mais fortes”, diz.
O projeto do Governo Cidadão está orçado em R$ 369.583,13 e
inclui a reforma e adequação da estrutura física do Clube de Mães, aquisição de
máquinas e equipamentos necessários às linhas de produção e estamparia,
qualificação das artesãs, aquisição de matéria-prima, insumos e acessórios para
180 dias de trabalho, elaboração de identidade visual, criação de estamparia e
figurinos exclusivos para a terceira idade e uma campanha de lançamento e
promoção dos produtos.
"O projeto vai mudar a realidade dessas mulheres de
Tangará, gerar uma renda extra para as famílias e movimentar a economia da
região. É uma maneira sustentável de viverem do seu próprio trabalho",
destaca o secretário de Gestão de Metas e Projetos, Vagner Araújo.
Para Maria de Lourdes França, 78, uma das fundadoras do Clube
e presidente, o projeto é uma “verdadeira benção”. “Não esperávamos nunca nos
encaixar em um projeto como esse, porque nunca recebemos nenhum tipo de ajuda
do poder público. Vivíamos de fazer bingos e foi assim que erguemos este
prédio. Agora vai mudar tudo. É uma nova etapa que começa para todas nós”,
comemora.
As 15 mulheres irão confeccionar roupas ergonômicas
direcionadas para as pessoas da terceira idade, além de fardamentos escolares
para atender a demanda do município e região. Também continuarão a desenvolver
peças de artesanato como vagonite, pintura, bordado, crochê, trançado de fita,
tapetes, fuxico, toalha de mesa, colcha de cama, acessórios, bolsas, pano de
prato, conjunto de banheiro e kit para cozinha, fazendo uso dos resíduos da
confecção.
Roseli Martins Ferreira, 37, artesã há 10 anos, costuma bater
de porta em porta para vender sua arte em crochê, fuxico, ponto cruz, conjuntos
de cozinha e panos de prato. Gosta também de divulgar na internet e recebe
encomendas de moradores locais, mas nunca conseguiu sair de Tangará para vender
seus produtos. Com os investimentos do Governo do Estado no Clube de Mães,
acredita que poderá expandir as fronteiras.
“Estamos pensando alto. Queremos movimentar ainda mais
Tangará e levar nossas confecções e artesanato para várias cidades. Isso vai
pelo menos dobrar a renda que a gente tem hoje com a venda do artesanato”,
planeja Roseli.
História
O Clube de Mães de Tangará surgiu em 1974 e funcionava em um
prédio alugado. A primeira doação que as mulheres conseguiram foi de um terreno
de 12 metros quadrados, que logo aumentou de tamanho graças à insistência de
Dona Lourdes em pedir mais espaço. O problema era como construir. “Não tínhamos
dinheiro”, lembra.
Aproveitou seu trabalho no cartório da cidade para pedir
contribuição aos conhecidos que iam até o local. “Pedia um carneiro, um bode,
uma galinha. Fazíamos bingos e com o dinheiro fomos comprando os tijolos, as
telhas e assim foi indo. As festinhas matinê só para os jovens também eram um
jeito de arrecadar dinheiro e assim fomos comprando o piso e o que mais
precisasse”, conta.
Fonte: Assessoria de Comunicação
Governo Cidadão