Projetos têm mais de 500 hectares utilizados por 415
agricultores. Foto: Cedida
Conhecido pela alcunha de “ouro branco”, o algodão, produto
que é símbolo da história da economia do Rio Grande do Norte, está voltando à
cena. Com novas técnicas de cultivo e através de parcerias que garantem a venda
de toda a produção, o branco das plumas voltou a fazer parte das plantações
pelo Seridó através dos projetos “Algodão Agroecológico Potiguar”, e “AgroSertão”. Com as duas iniciativas, o
Estado produziu neste ano 280 toneladas de algodão, movimentando cerca de R$
1,5 milhão. São mais de 500 hectares de terra utilizados por 415 agricultores.
Os números ainda são tímidos em relação ao que era produzido
no Estado até a década de 1980, mas trazem boas expectativas. O Projeto Algodão Agroecológico Potiguar –
executado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf) e Instituto de
Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RN) é que abrange maior parte
desses números.
Esse projeto foi lançado em dezembro de 2020, num processo de
mobilização e articulação que envolve a ONG Diaconia, a rede Xique-Xique e o
Instituto Casaca de Couro. Nessa iniciativa, estão envolvidos 361 agricultores
que produziram cerca de 250 toneladas de algodão. “Temos uma média de 600 kg
por hectare em 33 municípios. Os agricultores produziram cerca de 97.300 kg de
pluma a um preço médio de R$ 14 o quilo. Isso resultou numa receita aproximada
de R$ 1.372.200”, explicou o diretor-geral da Emater/RN, César Oliveira.
A pluma é o algodão sem caroço. De cada trê quilos do algodão
completo, é retirado um quilo de pluma. O caroço é usado para alimentar os
animais e é característico pelo alto teor de proteína. Já a pluma é adquirida
pela ONG Diaconia, pela rede Xique-Xique e pelo Instituto Casaca de Couro que é
uma ONG da Paraíba.
O algodão que comprados é fiado pela empresa de fiação NoFio
e depois o fio é colocado no mercado, vai para as tecelagens que produzem os tecidos
e as fábricas têxteis adquirem, segundo a direção da ONG. A expectativa, de
acordo com a entidade, é de receber 150 toneladas da pluma do algodão potiguar.
O outro projeto que está retomando a produção de algodão é o
AgroSertão, executado em seis municípios numa parceria entre o Sebrae no Rio
Grande do Norte, o Instituto Riachuelo, a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Algodão) e as
Prefeituras dos municípios atendidos. É um projeto piloto de produção do
algodão agroecológico iniciado neste ano com 54 produtores oriundos da
agricultura familiar.
“A gente já está na fase final dessa primeira etapa. Nós
trabalhamos com 54 agricultores e nós temos uma projeção de chegarmos a 30
toneladas da pluma. Se considerar a produtividade do algodão, gerou em torno de
R$ 4 mil por agricultor. Para o primeiro ciclo tivemos um resultado
formidável”, conta a gestora do projeto, Sergina Dantas, analista técnica do
Sebrae/RN.
Todo o algodão produzido é comercializado pelo Instituto
Riachuelo que teve a iniciativa de construir o projeto com a Embrapa. “O
algodão é processamento para extrair a pluma, que é destinada à comercialização
pelo Instituto Riachuelo e uma empresa de fiação na Paraíba para que se tornem
confecção posteriormente pela Guararapes. Há planos da Guararapes criar uma
coleção específica com esse produto do algodão”, disse Sergina Dantas.
Tribuna do Norte
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