Com capacidade para processar até dois mil quilos de algodão
por dia, a Unidade de Beneficiamento de Algodão Agroecológico, entregue nesta
sexta-feira (15) pelo Governo do Rio Grande do Norte, vai beneficiar a produção
de aproximadamente 300 famílias agricultoras da região. Titular do Ministério
do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o
ministro Wellington Dias participou da solenidade, ao lado da governadora
Fátima Bezerra, e destacou o empreendedorismo das mulheres rurais que atuam no
Projeto Algodão Agroecológico Potiguar.
"O beneficiamento vai agregar valor à produção de
algodão das agricultoras familiares e é exatamente isso o que queremos,
empoderar as mulheres rurais", destacou. Admirado com a beleza e qualidade
das peças produzidas com algodão agroecológico potiguar, branco e colorido, ele
reforçou a retomada do Programa de Fomento às Atividades Rurais, que concederá
um recurso financeiro não-reembolsável para 3.500 famílias agricultoras
potiguares, sendo 1.000 famílias que já plantam algodão ou que serão selecionadas
para fortalecer o projeto.
Cada família receberá um fomento no valor de R$ 4,6 mil para
inclusão produtiva, priorizando as mulheres, considerando as famílias que estão
em situação de vulnerabilidade Social, inscritas no CadÚnico. No Rio Grande do
Norte, o programa representará o investimento de R$ 16,1 milhões para inclusão
de famílias rurais de baixa renda. Ação é fruto de um Acordo de Cooperação
Técnica (ACT) assinado em conjunto pelo Governo do RN, via Secretaria de Estado
do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Sedraf) e o Instituto
Técnico de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RN), e Ministério do
Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar (MDA) e o MDS, em junho de 2023.
No ato de assinatura, o ACT previa o benefício para 2.500
famílias. Porém, a pedido da governadora, o ministro autorizou a inclusão de
mais 1.000 famílias no programa de fomento. A Emater-RN e as organizações da
sociedade civil Centro Feminista 8 de Março, Terra Viva, Terra Livre, AACC, Cáritas e Diaconia, receberam
capacitação do MDS e farão o acompanhamento às famílias selecionadas,
apresentando plano de aplicação dos recursos, que serão disponibilizados em
duas parcelas.
Memória afetiva – Natural de Nova Palmeira, no Seridó
paraibano, oriunda de família camponesa, a governadora Fátima Bezerra também
não escondeu seu entusiasmo e sua paixão pelo projeto, que reacendeu a memória
afetiva do povo potiguar. “Eu me lembro muito bem, vestida com meu casaquinho,
apanhando algodão para ajudar no orçamento dentro de casa, ajudar Dona Luzia e
Seu Severo, que eram meus pais. Daí a minha alegria hoje, tendo a oportunidade
de, governadora, oportunidade dada por vocês, estar aqui, para trazer o apoio,
trazer o incentivo para o algodão agroecológico brilhar cada vez mais”, falou
emocionada.
Na ocasião, o Governo Federal, por meio da CONAB, anunciou
uma ação inédita: o investimento de aproximadamente R$ 1 milhão para o Programa
de Aquisição de Alimentos (PAA) voltado aos povos indígenas potiguares, na
modalidade doação simultânea. Cinco entidades foram habilitadas para fornecer
alimentos e sementes.
Ouro Branco – O
Projeto Algodão Agroecológico Potiguar, lançado em dezembro de 2021, é
coordenado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura
Familiar (Sedraf) e pelo Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural
(Emater-RN), é constituído por um arranjo institucional que envolve Embrapa
Algodão, Instituto Riachuelo, Sebrae, Diaconia, Acopasa, Vert, Unicafes,
Instituto Casaca de Couro, Norfil, FAO, Rede Xique-Xique, Justa Trama e
prefeituras. Em sua fala, o secretário Alexandre Lima, que coordena a Câmara
Temática da Agricultura Familiar, no âmbito do Consórcio Nordeste, destacou
três pontos importantes que caracterizam o projeto.
“O projeto faz uma conexão com algo que para nós é muito
importante, que é o PAS Nordeste, pois proporciona uma nova modalidade de
geração de renda às famílias agricultoras, ao mesmo tempo em que resulta na
produção de feijão, milho, gergelim, entre outros alimentos”, ele se referiu ao
Programa de Alimentos Saudáveis proposto pelo Consórcio Nordeste. Além disso, o
gestor destacou o caráter inclusivo do projeto, que fortalece o protagonismo da
juventude e das mulheres rurais, e por último a composição dos arranjos
produtivos, construída entre poderes públicos, movimentos sociais e empresas,
que garante a venda direta da produção do algodão potiguar.
Reabilitada pelo Governo do Estado, a Unidade de
Beneficiamento é resultante de projeto apresentado pela Embrapa (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária) à FINEP (Financiadora de Estudos e
Projetos (FINEP), e funciona na Estação Experimental da Emparn, em Apodi. Lima
frisou que o equipamento vai ser coordenado pela Cooperxique, sob a supervisão
da Justa Trama, e vai atender diretamente 300 famílias, sendo 100 encaminhadas
pela cooperativa, 100 pelo Instituto Riachuelo, e mais 100 pela Diaconia, três
entidades parceiras do projeto.
“Até o ano passado, 70% do nosso algodão era beneficiado na
Paraíba, e as famílias potiguares vendiam o quilo do algodão em rama a R$ 3,75.
Beneficiado, o preço sobe para R$ 19,70. Isso significa que, a renda de um
hectare aumentou de R$ 1.750 para R$ 5.500”, explicou. A partir do próximo ano,
a unidade passará a atender 500 famílias. Atualmente, cerca de 1.000 famílias
estão inseridas no projeto, a sua maioria chefiada por mulheres, como é o caso
da agricultora familiar Rosângela Santos, 49, da comunidade Tiradentes,
município de Baraúna.
Ela representou as famílias beneficiárias e informou que ano
passado colheu 1.500 kg de algodão e este ano a colheita já ultrapassou 1.000
kg. “Com certeza o algodão está mudando a nossa realidade, trazendo mais
autonomia financeira devido à possibilidade de inclusão produtiva e geração de
renda”, afirmou a presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras
Rurais e da Agricultura Familiar – STTR Baraúna.
Participaram da solenidade a Secretária Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional (Sesan/MDS), Lílian Rahal; o deputado federal Fernando
Mineiro, as deputadas estaduais Divaneide Basílio e Isolda Dantas; o secretário
da Agricultura e Pesca (Sape), Guilherme Saldanha, a secretária da Saúde, Lyane
Ramalho, os secretários adjuntos Cícero Araújo (Sedraf) e Ivanilson Maia (GAC);
os diretores-presidentes da Emparn, Rodrigo Maranhão, da Emater-RN, Cesar
Oliveira, o do IGARN, Paulo Sidney; os prefeitos Alan Silveira (Apodi),
Raimundo Pezão (Umarizal), Carlos Augusto “Tutuca” (Luís Gomes) e Jacinto
Carvalho (Severiano Melo); a coordenadora de Juventude e Mulheres Rurais
(CJMR/Sedraf), Gabrielly Sousa, e o coordenador de Agroecologia e Convivência
com o Semiárido (CACS/Sedraf), Marcírio Lemos.
E ainda a presidente da Cooperxique, Neneide Lima, o
presidente da FETARN, Erivam do Carmo, o coordenador da FETRAF-RN, Raimundo
Canuto, o presidente do STTR Apodi, Agnaldo Fernandes, o dirigente do MST,
Aglailton Fernandes, a liderança indígena Lúcia Paiacu; o coordenador regional
do MDA, Dário de Andrade, o superintendente da CONAB no RN, Fábio Mendonça, do
MAPA, Manoel de Freitas Neto, e do INCRA-RN, Lucenilson Ângelo; o diretor
técnico do Sebrae-RN, João Hélio; o coordenador do Ministério das Cidades,
Élcio Magalhães e o gerente do BNB em Apodi.
Fonte: SEDRAF-RN / ASSECOM-RN
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