A equipe do Banco Mundial que está em Natal desde a segunda-feira (8), em missão de supervisão e apoio ao Projeto Governo Cidadão, cumpriu extensa agenda de campo, nesta terça-feira (9). A manhã foi reservada às visitas às organizações contempladas pelo edital de Subprojetos de apoio à Fruticultura Irrigada, no município de Touros, no território do Mato Grande.
Compondo a comitiva estavam a especialista sênior e gerente do projeto junto ao Banco, Fátima Amazonas, os especialistas Luís Dias, Luís Loyola, Ditmar Zimath e Kazuaki Komazawa, da JICA - acompanhados pelo secretário de Gestão de Projetos, Fernando Mineiro, da gerente executiva do Governo Cidadão, Ana Guedes, dos chefes das pastas de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar, Alexandre Lima; de Agricultura e Pesca, Guilherme Saldanha e dos diretores da Emparn e Emater, Rodrigo Maranhão e César Oliveira.
O grupo começou os trabalhos pela exitosa experiência das 16 famílias da Associação dos Produtores Humildes de Boa Cica e dos 22 agricultores familiares do Centro Social de Boqueirão, que têm nas produções da banana e batata doce as principais fontes de renda. Eles foram contemplados, ainda, pelo Governo do RN, a partir do acordo de empréstimo, com sistemas de irrigação de microaspersão (técnica que lança gotículas de água, propiciando uma precipitação mais suave e uniforme).
“A expectativa com a chegada do projeto, que proporcionou o aumento das áreas de produção e a economia de água, é ultrapassar – já na primeira colheita que acontecerá em breve – os 10 caminhões diários de batata doce e os 15 carregamentos de banana que fazemos aqui, em Boa Cica, semanalmente. Isso representa mais emprego e renda para nossos jovens, nossas mulheres e toda a comunidade”, disse Marcos França, presidente do Conselho Comunitário e da associação, se referindo à comercialização dentro e fora do estado, no varejo, em feiras livres, e no atacado, nas Ceasas e em grandes centros comerciais.
Assim como está mudando a vida daqueles que já produziam, há também agricultores familiares que tiveram a primeira oportunidade a partir do recebimento do kit de irrigação. Joelsa Tenório, de 47 anos, de Boqueirão, é uma delas, e não esconde a alegria de dizer que tem o ofício de agricultora.
“Nunca na vida achei que seria dona de meu empreendimento. Agora, junto com meu esposo e filho, estou produzindo na minha terra batata, macaxeira, feijão, melancia e banana. Quando eu podia pensar em dias melhores assim?”, indagou.
O secretário Mineiro se colocou à disposição para que os projetos continuem dando certo e que os agricultores familiares produzam cada vez mais e gerem riquezas para o município e região.
“Estamos aqui para o que for preciso, principalmente no que diz respeito à sustentabilidade desses projetos pós-execução. E, para que o resultado seja cada vez mais satisfatório, estamos, a pedido da governadora Fátima Bezerra, articulando todas as pastas envolvidas na temática, como o trabalho em conjunto com a Sape, Emater e Sedraf, presentes aqui hoje”, disse Mineiro chamando atenção ainda para a preocupação com a segurança alimentar e a utilização de agrotóxicos.
Preocupação esta compartilhada pela gerente do projeto junto ao Banco, Fátima Amazonas, que falou da importância do manejo, lembrando que a agricultura sustentável tem se mostrado benéfica não só para o planeta, mas também para o bolso do agricultor, reduzindo os custos e elevando a produtividade.
"Vocês têm uma realidade que muitos agricultores gostariam de ter, com água abundante e solos ricos. Então o cuidado com a adoção de medidas para reduzir o impacto da atividade agrícola é muito importante, e as assistências técnicas têm um papel imprescindível nesta luta”, disse.
(Feijão Verde)
À tarde, foi o momento de conhecer o empreendimento de economia solidária e da agricultura familiar da Associação dos Agricultores Familiares de Olho D´água, Floresta e Tamatanduba, localizada no sítio Olho D´água, município de Pedro Velho.
Neste, 7 famílias foram beneficiadas com a obra da Unidade de Beneficiamento do Feijão Verde, com a perfuração de um poço, uma moto, faltando receber equipamentos como a máquina de debulhar automática, a câmara fria, computador e impressora.
“Quando nossa unidade estiver toda montada, a gente espera conseguir a certificação e criação da marca do feijão verde do RN, o que seria o primeiro produto dessa natureza com certificação, possibilitando maior comercialização, sem a presença de atravessadores”, disse Cícero Hortêncio, Presidente da associação, que espera ultrapassar a venda dos sete mil quilos de feijão semanais.
Corroborando esta expectativa, o secretário de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar, Alexandre Lima, disse que “reafirmando o compromisso com os agricultores, trabalharemos para que não fiquem à mercê dos atravessadores, que ditam os preços. Essa unidade de beneficiamento em pleno funcionamento, lhes dará autonomia, podendo estocar, aumentar o mercado e praticar valores justos, o que não ocorre atualmente”.
Estavam presentes, ainda, os articuladores territoriais, Francisco Canindé Luz e Dayro Rios, técnicos da unidade executora do projeto da Sape e Sethas, além dos coordenadores do setor de Economia Solidária e de Projetos Especiais da Sethas, Lidiane Freire e Jair Macêdo.
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