O Projeto Algodão Agroecológico Potiguar, lançado nesta
quarta-feira (22), na Escola de Governo, em Natal, pelo Governo do Rio Grande
do Norte, através da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da
Agricultura Familiar (Sedraf) e Emater-RN (Instituto de Assistência Técnica e
Extensão Rural), resgata a memória afetiva do outrora chamado “ouro branco” ao
mesmo tempo em que contribui para a geração de renda de forma justa para todas
as famílias envolvidas nas etapas de produção. A governadora Fátima Bezerra,
que em sua infância na cidade de Nova Palmeira (PB) ajudava aos pais na
colheita do algodão, ressaltou ainda a o aspecto da certificação orgânica, que
agrega valor a esta nova era do algodão potiguar.
“O algodão era a maior riqueza que nós tínhamos naquela
época, no semiárido nordestino. Atualmente, estamos vivendo uma batalha pela
descarbonização do planeta. Nesse contexto, o Rio Grande do Norte tem exercido
um protagonismo no campo das energias renováveis, de modo que o algodão
agroecológico tem tudo a ver com esse momento que estamos vivendo, de contínua
luta para a preservação do planeta, e ainda contribui para o fortalecimento da
agricultura familiar”, destacou a chefe do Executivo estadual.
Ela parabenizou o compromisso e o engajamento da equipe de
governo, liderada pelo secretário Alexandre Lima (Sedraf) e o diretor da
Emater-RN (Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural), César Oliveira,
que transformou uma simples ideia no projeto que está possibilitando a retomada
da cotonicultura potiguar, que em tempos áureos foi responsável pelo
recolhimento de aproximadamente 40% do ICMS potiguar.
O projeto foi gerado há quatro meses, quando foi lançado o
desafio pela governadora, de pronto encampado pela Sedraf, executora do
projeto, e Emater, responsável pelas capacitações e ATER – Assistência Rural e
Extensão Rural. Na primeira fase, o algodão será cultivado em 500 hectares de
terra, abrangendo 08 territórios potiguares (Alto Oeste, Sertão de Apodi,
Seridó, Assú, Mossoró, Mato Grande, Trairi e Potengi) e 39 municípios,
beneficiando diretamente 354 famílias rurais. A primeira fase deve gerar cerca
de 250 toneladas de fibra natural, que representará um giro de aproximadamente
R$ 1 milhão.
O algodão potiguar será cultivado em regime consorciado,
principal característica da técnica agroecológica, de modo que
concomitantemente à produção da fibra, será produzida a mesma quantidade das
outras culturas, tais como milho, feijão e gergelim, conforme destacou o
secretário Alexandre Lima. “Podemos considerar que esta experiência já está
sendo exitosa, porque estamos resgatando a memória afetiva, agregando elementos
de sustentabilidade, que resulta em justiça social e justiça econômica”,
afirmou, ao apresentar o projeto para a plateia composta em sua maioria por
famílias de agricultores e agricultoras familiares.
O Projeto tem como principais objetivos fomentar a cadeia
produtiva de base agroecológica, cuja característica principal é o manejo
correto do meio ambiente, e promover o acesso ao mercado de forma justa. Para
tanto, foram realizadas diversas visitas das equipes de ATER – Assistência
Técnica e Extensão Rural, coordenadas pela Emater. “Eu não poderia deixar de
destacar o empenho do coordenador Alessandro Nunes, da Sedraf, e da
extensionista Adriana Américo, que em tão pouco tempo foram a campo e
mobilizaram todas essas famílias que estão participando do projeto”, afirmou o
diretor César Oliveira.
O senador Jean Paul Prates, um dos articuladores do projeto
de Lei Emergencial Assis Carvalho II (que prevê auxílio-emergencial aos
agricultores/as familiares no contexto da pandemia); a deputada estadual Isolda
Dantas, autora de duas leis importantes para o fomento da agricultura familiar
no Rio Grande do Norte (Pecafes e Sementes Crioulas); além do secretário
extraordinário Fernando Mineiro, presente à ocasião em que foi lançado o
desafio para o desenvolvimento do projeto do algodão, enalteceram bastante a
iniciativa que vai gerar renda, estimular a economia rural, e trazer de volta o
“ouro branco”, sendo que agora agregado ao alto valor da certificação
agroecológica.
MERCADO JUSTO - O Projeto Algodão Agroecológico Potiguar
garante a aquisição de toda a produção gerada no Rio Grande do norte, processo
que será intermediado pelas entidades parceiras: Instituto Casaca de Couro,
Diaconia, Central Justa Trama, Acopasa, Rede Xique Xique e Norfil, que farão o
provimento de sacaria, bem como o beneficiamento da fibra.
Representando o Instituto Casaca de Couro, sediado no estado
da Paraíba, Maysa Motta Gadelha enalteceu a iniciativa do governo
norte-rio-grandense, agradeceu confiança pela parceria firmada e garantiu que o
mercado está aberto à proposta: “vamos transformar o algodão potiguar orgânico
em um algodão cobiçado no mundo todo”, disparou.
O presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais do RN
(Fetarn), Manoel Cândido, não escondeu a emoção ao ressaltar a importância “da
volta do ouro branco potiguar”. Na plateia, a agricultora Josefa Maria de
Jesus, 57 anos, mais conhecida por Helena, natural da comunidade quilombola Boa
Vista dos Negros, de Parelhas, ouvia atentamente e voltava no tempo de criança
e juventude, quando trabalhava com os pais na lavoura do algodão. Contempladas
pelo projeto, ela não vê a hora de começar a colher os primeiros flocos da
fibra que lhe remetem a sua ancestralidade. “Sou filha, neta e bisneta de
agricultores”, disse.
Participaram do evento representantes dos municípios Caiçara
do Rio dos Ventos, Várzea, Apodi, Jaçanã, Florânia, Jucurutu, Touros, Baraúna,
São Rafael, Monte das Gameleiras, Fernando Pedroza e Apodi. Também estavam
presentes o secretário de estado Guilherme Saldanha (Agricultura e Pesca/Sape);
o diretor Rodrigo maranhão (Emparn); o ex-deputado estadual da Paraíba, Renato
Gadelha, atual secretário agricultura de Campina Grande; o diretor técnico do
Sebrae-RN, João Hélio Cavalcanti; as representantes da Unicafes, Fátima Torres
(Cecafes) e Neneide Lima (Rede Xique-xique), além de gestores e gestoras
municipais de agricultura e lideranças de movimentos sindicais e sociais.
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