A última vez que o Gargalheiras sangrou foi em 19 de maio de
2011. - Foto: Antônio Dantas - Caern
Os dois reservatórios, que estavam praticamente secos na
primeira quinzena de fevereiro, acumulam atualmente 54,7 milhões de m³
Treze anos depois da última cheia, o açude Marechal Dutra, em
Acari, conhecido como Gargalheiras, voltou a transbordar, após uma recarga que
durou apenas 42 dias. Foi a 30ª “sangria” em 65 anos. O ponto de
transbordamento foi verificado às 23h15 de quarta-feira (03) quando atingiu
100% da capacidade, que é de 44,4 milhões de metros cúbicos.
De acordo com o Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande
do Norte (Igarn), antes da sangria efetiva e contínua, pequenos episódios com
água descendo pela parede foram registrados e divulgados em redes sociais,
motivados por marolas provocadas pelo vento e de barcos no açude. A última vez
que isso ocorreu foi em 19 de maio de 2011.
O Gargalheiras abastece a cidade de Acari e complementa o
abastecimento de Currais Novos. Até a primeira quinzena de fevereiro, havia a
possibilidade de colapso no fornecimento de água tratada das duas cidades em
função do baixo volume armazenado nos dois reservatórios. Juntos, Gargalheiras
e Dourado acumulavam menos de 1 milhão de metros cúbicos, em 15 de fevereiro
deste ano, situação que levou o governo do Estado, em comum acordo com a
Codevasf (responsável pelas obras), a antecipar a construção do trecho 4-Norte
da Adutora Seridó para garantir o abastecimento de 52 mil habitantes das duas
cidades.
Com Dourado e Gargalheiras cheios, a Caern estima que o
abastecimento de Acari e Currais Novos está garantido por quatro anos, mesmo
que não haja recarga.
Patrimônio
As obras do Gargalheiras foram iniciadas em 1956 e concluídas
em 1959, quando foi oficialmente inaugurado, em 27 de abril daquele ano. Os
registros históricos mostram que o reservatório “sangrou” nove vezes na década
de 1960; sete na de 1970; cinco na de 1980 e quatro na de 1990. No Século 21
foram apenas cinco vezes, incluindo esta de 2024.
Em janeiro de 2023, o Gargalheiras foi elevado à condição de
patrimônio cultural, histórico, geográfico, paisagístico, ambiental e turístico
do Rio Grande do Norte. A área no entorno do reservatório é um dos 21
geossítios relacionados no Mapa Geoturístico do Seridó Geoparque Mundial da
Unesco.
Com um volume de chuvas 45% acima no normal no primeiro
trimestre de 2024, os reservatórios monitorados pelo IGARN acumulam, nesta
quinta-feira (04), 2,82 bilhões de metros cúbicos, o equivalente a 63,36% da
capacidade armazenamento.
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