O "ouro branco" voltou e está trazendo uma nova
perspectiva à agricultura familiar no Rio Grande do Norte. Fato consumado, o
Projeto Algodão Agroecológico Potiguar está configurado como a maior iniciativa
do Brasil em bases agroecológicas: em 2022, foram 340 hectares de produção em
área consorciada a culturas como milho, feijão, sorgo e gergelim, 254 famílias
envolvidas e mais de 117 toneladas colhidas no seu primeiro ano de execução.
Enquanto em Lajes (RN), na usina de beneficiamento instalada em parceria com a
prefeitura, cerca de 20 toneladas de ramas da safra 22 estão sendo
transformadas em plumas, o que garante maior poder de negociação do produto às
famílias, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e Agricultura
Familiar (Sedraf) e entes parceiros dão início à mobilização para a safra 2023,
por meio dos Seminários Territoriais.
Nesta terça-feira (13), a reunião foi realizada em São Paulo
do Potengi e contemplou os territórios Potengi e Sertão Central. Amanhã (14)
será a vez das famílias dos territórios Mossoró/Assú e Sertão de Apodi, que
irão se reunir em Mossoró, e na quinta-feira (15), o seminário será realizado
na cidade de Pau dos Ferros, atendendo ao território do Alto Oeste Potiguar. As
famílias dos territórios Seridó e Trairi se reunirão na cidade de Santa Cruz,
no dia 19 (segunda-feira); depois serão realizados seminários em Santo Antônio
do Salto da Onça (Agreste Litoral e Terra dos Potiguares), na segunda-feira
(26); e por fim, o território do Mato Grande, na cidade de João Câmara (27/12,
terça-feira).
Segundo o secretário Alexandre Lima, a meta para 2023 é
incluir cerca de 800 famílias no processo produtivo, ampliar a área cultivada e
atingir mais de 60 municípios do Rio Grande do Norte. Ele aponta os
diferenciais do projeto, que distribui sementes orgânicas, oferece assistência
técnica, além da ofertar a certificação agroecológica e garantir o contrato de
compra para a rama ou a pluma do algodão, por empresas parceiras nacionais e
internacionais. “Cada vez mais destaco as parcerias, que são fundamentais para
o sucesso desta ousada iniciativa, já consolidada como a maior em bases
agroecológicas do Brasil. Para 2023, queremos fortalecer a presença das
mulheres e da juventude no projeto e ampliar a produção para 1.000 hectares de
terra”, afirmou.
UNIDADE DE BENEFICIAMENTO
Na semana passada, o secretário de estado titular da
SEDRAF-RN, acompanhado de servidores que integram a equipe do Projeto Algodão
Agroecológico Potiguar e extensionistas do Instituto de Extensão Rural e
Assistência Técnica (Emater-RN), realizaram na quinta-feira (08) uma visita de
reconhecimento à Usina de Beneficiamento de Algodão Agroecológico de Lajes
(RN), instalada graças a uma parceria firmada com a prefeitura municipal, mais
as entidades Acopasa e Diaconia e a empresa Vert.
Com a participação de sete famílias agricultoras, Lajes
colheu mais de quatro toneladas de algodão agroecológico. O prefeito Felipe
Menezes assinalou a parceria para instalar uma unidade de beneficiamento,
montada com duas descaroçadeiras e uma prensa, equipamentos cedidos pela
Acopasa e Diaconia, que participam da execução do projeto na região do Potengi
e de alguns municípios do Sertão Central. “Agradeço a sensibilidade do Governo
do RN e da governadora Fátima Bezerra, que orienta sua equipe para valorizar e
direcionar as ações para fortalecimento da agricultura familiar”, declarou o
prefeito.
Ele informou que o município vai propor uma mudança na
nomenclatura da atual secretaria de agricultura para Desenvolvimento Rural e
Agricultura Familiar, desmembrando a pasta do turismo e focando as ações para o
nicho familiar do agronegócio. “Recebemos há pouco tempo uma ensiladeira, ação
que nos deixou felizes e honrados. Portanto, a minha palavra aqui como
representante do povo de Lajes é gratidão por todo esforço coletivo para a
realização do projeto Algodão Agroecológico Potiguar”, reconhece.
Viúva há mais de 10 anos, chefe de família, mãe de três
filhas adultas, assentada pelo Programa Nacional do Crédito Fundiário (PNCF), a
agricultora Francisca das Graças Fernandes, 57, ocupa com a família uma área de
96,5 hectares, onde planta hortaliças, feijão, milho, além de criar bode,
galinha e porco. Residente na propriedade Associação Desenvolvimento Rural
Santo Expedito, situada na comunidade Vaca Morta, em Lajes, ela colheu 350 kg
de algodão em rama, e ainda 60 kg de fava “e fiz bastante sorgo, que dei ao
gado”, disse a “Rainha do Algodão”, como ficou conhecida na região.
A visita à unidade de beneficiamento contou com a presença do
diretor da Emater-RN, César Oliveira, e do extensionista Francisco
"Felipe" Wagner - regional de Assú; do prefeito Carlinhos (Caros
André), de Jardim de Angicos; dos secretários de Agricultura Dal Miranda
(Lajes) e Márcio Francisco (Pedra Preta); de representantes dos entes
envolvidos na retomada do cultivo do algodão em terras potiguares, tais como
Ricardo Blackburn e Tetê (Diaconia); Sílvio Morais (empresa Textile Exchange);
e ainda do agricultor/multiplicador Raildo Arcanjo de Paiva, de Olho d'Água do
Borges, que colheu 274 kg de rama, que gerou 100 kg de pluma, e está em Lajes
ensinando as famílias acerca das etapas do beneficiamento. Em tempo, a rama é
vendida a R$ 3,5 o quilo, enquanto a mesma quantidade sendo pluma pode chegar a
R$ 17.
São parceiros do projeto Algodão Agroecológico Potiguar:
Acopasa, Diaconia, Instituto Casaca de Couro, Central Justa Trama, Rede Xique
Xique, Norfil, FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura), Sebrae-RN, Embrapa Algodão e Secretarias Municipais de
Agricultura.
Acesse o link e saiba mais sobre o primeiro ano de execução
do Projeto Algodão Agroecológico Potiguar.
Fonte: SEDRAF-RN / ASSECOM-RN
PUBLICIDADE