Em vias de se tornar o carro-chefe de um grande projeto
integrado para o Semiárido brasileiro, incluindo parte de Minas Gerais, o
algodão agroecológico e orgânico cultivado em alguns estados do Nordeste,
especialmente no Rio Grande do Norte e na Paraíba, está sendo discutido em rede
dado o seu potencial econômico e sustentável. Realizado em Campina Grande,
região da Borborema na Paraíba, o Seminário Técnico sobre Algodão
Agroecológico/orgânico e seus Consórcios Agroalimentares no Semiárido, proposto
pela Câmara Temática da Agricultura (CTAF), no âmbito do Consórcio Nordeste,
transcorrerá até esta quarta-feira (26), na sede da Embrapa Algodão.
O evento tem o objetivo de socializar as ações desenvolvidas
no Nordeste, bem como a construção de parcerias no arranjo produtivo do algodão
agroecológico e seus consórcios agroalimentares. A programação, iniciada na
manhã desta terça-feira (25), trata de todas as etapas e desafios que permeiam
a retomada da cultura algodoeira no Nordeste brasileiro: desde o cultivo e
controle de praga, principalmente relacionado ao chamado “bicudo”, quanto os
processos de escoamento da produção para as empresas parceiras, que é feito em
articulação com os movimentos sociais e organismos internacionais.
O secretário Alexandre Lima, titular da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (SEDRAF-RN) e coordenador da Câmara Temática da Agricultura Familiar, destacou a importância do encontro, que se propõe também a planejar em rede as ações da Safra 2023/24 do algodão agroecológico/orgânico no semiárido. No período da tarde, ele apresentou o Projeto Algodão Agroecológico Potiguar, que para esta safra de 2023 tem adesão de 689 famílias, mais de 100 municípios potiguares, que juntas plantam quase mil hectares de algodão consorciado.
“Esse projeto representa uma iniciativa importante e
fundamental das parcerias que compõem os arranjos produtivos e o Consórcio
Nordeste, que visa justamente construir uma unidade e potencializar o cultivo
do algodão e consórcios agroalimentares. O algodão é de uma cultura que faz
parte da essência da agricultura familiar e agora está sendo resgatada em bases
agroecológicas”, afirmou Lima. Ele informou que o estado retomando uma usina de
beneficiamento, em Apodi, numa da unidades da EMPARN, que se soma à unidade instalada
no município de Lajes.
Lançado em dezembro 2021, na safra de 2022 o projeto integrou
248 famílias agricultoras, de 48 municípios, que cultivaram 276 hectares de
algodão consorciado a culturas alimentares. A produção chegou a 131 toneladas
de algodão em rama e 11,5 toneladas da pluma. O primeiro ano do projeto
movimentou cerca de R$ 500 mil. Coordenado pelo Governo do RN, por intermédio
da SEDRAF-RN e Emater-RN, é constituído por um arranjo institucional que
envolve Embrapa Algodão, Instituto Riachuelo, Sebrae, Diaconia, Acopasa, Vert,
Unicafes, Instituto Casaca de Couro, Norfil, FAO, Rede Xique-Xique, Justa Trama
e prefeituras.
Em seguida, o secretário executivo Bivar Duda e o gerente de
projetos Jailson Lopes, da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar e
Desenvolvimento do Semiárido (SEAFDS-PB), apresentaram dados do algodão
agroecológico da Paraíba.
EXPERIÊNCIAS – O Seminário Técnico é uma ação proposta pela
Câmara Temática da Agricultura Familiar (CTAF), do Consórcio Nordeste, sendo
co-realizado pela SEAFDS-PB e pelo Departamento de Assistência Técnica e
Extensão Rural (ATER) da Secretaria Nacional da Agricultura Familiar, do
Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA),
representado pelo pesquisador da Embrapa Algodão, Marenilson Batista. Na
ocasião, ele adiantou que o MDA está articulando com o Consórcio Nordeste um
projeto “guarda-chuva” envolvendo o algodão agroecológico e seus consórcios
agroalimentares, que contemplará todo o Semiárido brasileiro.
A mesa de abertura foi coordenada pelo secretário da CTAF,
Reginaldo Alves, e contou com a presença do secretário anfitrião, Frei
Anastácio; da chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Algodão, Nair
Arriel; da coordenadora da Rede Xique Xique, Neneide Lima (RN); da gerente de
comunicação para o desenvolvimento da FAO, Fernanda Scherer; e do agricultor
Severino Vicente, o Biu, que contou sua experiência como cultivador de algodão,
no município de Ingá, situado no agreste paraibano. Na plateia, gestores de todos
o Nordeste, incluindo o diretor da EMATER-RN, Cesar Oliveira, acompanhado da
analista de extensão rural Adriana Américo, e o coordenador de Agroecologia e
Convivência com o Semiarido (CACS/SEDRAF), Marcílio Lemos.
O primeiro dia do evento encerrou com diálogo com as empresas
parceiras, compradoras do algodão agroecológico/orgânico no semiárido. Para
esta quarta-feira (26), está prevista uma discussão com as equipes técnicas da
Embrapa Algodão, do MDA, Governos Estaduais e convidados para planejamento de
ações da Safra 2023/24 do algodão agroecológico/orgânico no semiárido.
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