Além de importante instrumento para a segurança alimentar do
país, o Programa Cozinha Solidária avança com políticas de formação para
geração de trabalho e renda nos territórios mais vulneráveis.
Nesta quinta-feira (4.09), o II Encontro Nacional do programa
finalizou as oficinas da Modalidade de Apoio à Formação no campus da Fiocruz,
no Rio de Janeiro. O evento contou com a participação de 150 pessoas e 60
representantes de cozinhas de todo o país.
As oficinas foram organizadas como espaços de escuta ativa
para identificar possibilidades de parcerias e demandas específicas das
comunidades atendidas pelo programa. A iniciativa marca a fase de implementação
da Modalidade de Formação, que começa neste mês, com cursos-piloto em três
estados.
A coordenadora-geral de Cozinhas Solidárias do Ministério do
Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Ana
Carolina Souza, explicou o processo de construção coletiva que fundamenta a nova
modalidade. “O primeiro encontro foi muito importante, porque as cozinhas e
entidades gestoras ajudaram nessa construção. Agora, avançamos na etapa de
implementação da modalidade de formação”, afirmou.
O projeto-piloto atingirá inicialmente 100 cozinhas
solidárias nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. “A gente vai
disponibilizar cursos para formar as pessoas que trabalham, que se voluntariam
nas cozinhas e também os beneficiários das cozinhas solidárias”, explicou
Carolina, ressaltando o caráter triplo do apoio: financeiro; fornecimento de
alimentos via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA); e formação.
O processo formativo foi construído de maneira colaborativa
desde o primeiro encontro nacional. “É um processo que dá muito orgulho para a
gente. No primeiro encontro nacional, ouvimos as cozinhas sobre como deveria
ser esse processo de formação e como isso vai auxiliá-las”, recordou a
coordenadora.
A meta é aprender com a experiência para expandir a formação
em 2026. “Vamos aprimorar, para no ano que vem alcançar todas as cozinhas
solidárias com modalidades diversas de formação, pensadas tanto para qualificar
o trabalho de produção de refeições, quanto para gerar renda, para que essas
pessoas possam ter seus diplomas e chegar ao mercado de trabalho.”
Juliana Favacho, da Associação Cidade para Todos, destacou a
sintonia entre as formações do MDS e as necessidades reais dos territórios. “A
formação para a gente sempre foi um norte. Quando vem agora a formação do MDS,
a gente viu que os temas conversam muito com o trabalho realizado nas cozinhas
no território”, constatou.
Ela ressaltou ainda a importância de temas como geração de
renda e o Guia Alimentar para a População Brasileira, para quem atua na ponta.
“São temas que conversam muito com as pessoas que estão trabalhando na cozinha
e que elas não fazem ideia de como isso acontece. A capacitação das cozinheiras
é uma necessidade permanente e isso estar dentro do programa é muito importante”,
completou Favacho.
O significado histórico das cozinhas solidárias como espaços
de formação e cidadania foi lembrado por Juliana Torquato, membro do Conselho
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). “Essas experiências
concretas, que inspiram políticas públicas, representam muito mais que produção
de refeições. São espaços onde se fortalecem a luta pela cidadania e se
constroem soberania alimentar a partir dos territórios, mantendo vivos os
princípios e autonomias que as comunidades historicamente construíram”, afirmou
a conselheira.
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