O Projeto de Lei 1526/2021 vincula os conselhos
tutelares previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para a esfera
do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O texto está em análise na Câmara
dos Deputados.
Atualmente, os conselhos tutelares são alocados na esfera municipal. Segundo a
proposta, caberá ao município apenas a obrigação de disponibilizar local para
funcionamento adequado, com serviços de vigia, limpeza e manutenção.O texto
exige ainda a destinação de recursos orçamentários da União para esses
conselhos e autoriza o ministério a empregar até 10% dos recursos do Fundo
Nacional de Segurança Pública (FNSP) na atividade. Por fim, determina que os
conselheiros deverão obrigatoriamente ter diploma de nível superior.
O entendimento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) é
que a vinculação administrativa dos conselhos tutelares ser única e
exclusivamente uma competência do Município onera técnica e financeiramente o
Ente, e a ausência de determinação de competências aos demais Entes,
principalmente financeiras, sem dúvida compromete tanto a estrutura e
sustentabilidade do conselho tutelar quanto as finanças municipais.
Além desse aspecto, a CNM considera estratégica a necessidade de diálogo entre
União, Estados e Municípios para traçar um caminho que fomente a qualidade dos
serviços prestados pelos conselhos, com foco no fortalecimento do Sistema de
Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente.
A CNM avalia que uma das estratégias que pode contribuir
significativamente nesse processo é a implementação dos Fundos Municipais dos
Direitos da Criança e do Adolescente (FIA). Para a entidade, a revisão de
normativos com foco na perspectiva municipal e na definição de
responsabilidades entre os Entes é o primeiro caminho a ser seguido.
A CNM não pode afirmar que vincular o conselho tutelar à pasta
da justiça e segurança pública seja o melhor caminho, uma vez que o conselho é
um órgão compreendido como de caráter permanente e autônomo, não jurisdicional,
e tais características podem ser mal interpretadas, gerando conflitos políticos
no contexto local. A Confederação continuará monitorando o projeto que
tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Seguridade
Social e Família; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de
Cidadania.
Fonte: Agência
CNM de Noticias
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